JESUS DE NAZARÉ

domingo, 17 de abril de 2011

Minha Opinião » Dom Antonio Emidio Vilar

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A Semana Santa

Estamos na Semana Santa, a Semana Maior da fé cristã. Vivemos quarenta dias de preparação para a Páscoa, pela escuta da Palavra de Deus, pela oração, penitência e prática da caridade. Chegou a hora de seguir a “Via-Sacra” de Jesus e dizer: “Nós vos louvamos, Senhor Jesus, e vos bendizemos! Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!” Se com Ele morremos, com ele viveremos. Celebrar Cristo, nossa Páscoa, é renovar a Fé, a Esperança e o Amor. A vida nova que Ele nos comunicou dá-nos forças para lutar por um mundo mais justo e fraterno. Neste sentido, no Brasil, a Igreja propôs em 2011 a Campanha da Fraternidade sobre a Vida no Planeta. O projeto de Deus faz de nós parceiros que cuidam do ar, da água e da vida em todas as suas formas.

A Semana Santa se inicia neste Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor, duas realidades que ilustram toda a Semana: a entrada de Jesus em Jerusalém aclamado pelo povo, e a Paixão do Senhor em que se narra suas humilhações: um julgamento injusto que o condena à morte e o prega numa cruz. Na entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, o povo, com ramos de árvores e folhas de palmeiras, cobre o chão onde Jesus passa montado num jumento, e o aclama: Hosana ao Filho de Davi, Viva o Rei dos Judeus, Salve o Messias. Cheio de alegria, o povo espera que Jesus, o Messias, o Libertador, os liberte da escravidão política e econômica imposta pelos romanos e, religiosa que massacrava a todos com rigores absurdos. Os sacerdotes e mestres da lei, com inveja, desconfiança e medo de perder o poder, tramam condenar Jesus à morte de cruz. A mesma multidão, dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusa de impostor, de blasfemador, de falso messias. Incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exige de Pôncio Pilatos, governador romano da província, a sua condenação à morte.

Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo é o mistério central da nossa fé. É crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, com São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2, 11).

Os ramos nas mãos, o que significam? Significam nossa fé em Jesus, o Messias prometido por Deus. Significa seguir o Servo que dá a vida na cruz. Levar os ramos para casa e guardá-los é recordar o compromisso de seguir o Cristo na humildade e no despojamento; é segui-lo ainda quando não compreendermos bem os desígnios de Deus para nós. Seguir em procissão com os ramos significa proclamar diante do mundo que cremos nesse Jesus fraco, humilde, manso, crucificado, loucura para o mundo, mas sabedoria de Deus; fraqueza para o mundo, mas força de Deus!

Rejeitemos, então, por amor de Cristo, toda visão de um cristianismo de procura de curas, milagres, solução de problemas, um cristianismo que trai o Evangelho e renega a cruz de Nosso Senhor, um cristianismo falso, que enche templos e esvazia o escândalo da cruz! Lembremo-nos de Jesus Cristo! “Fiel é esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos!” (2Tm 2,11s).

Há três palavras no Evangelho de hoje que ilustram bem a Semana Santa que vamos celebrar:

Primeira palavra: “Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa antes de sofrer”. Jesus convida a celebrar a Páscoa, a participar das celebrações da Semana Santa, a se unir às suas dores e participar de sua vitória: a Ressurreição. Comer com Cristo a santa Páscoa é participar da Cruz e Ressurreição. Eis o caminho pascal de Jesus e nosso. Aceitemos o seu convite para comer com Ele esta Páscoa sagrada.

Segunda palavra: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato”. É muito dura esta afirmação: quem o entregou foi um de nós, um que come com o Senhor, um que participa da sua Mesa! Cabe a nós perguntar: “Mestre, serei eu?” Trair Jesus significa buscar nossos interesses, nossa lógica, nossas paixões, buscar as facilidades da vida mundana, deixá-lo, fugir, desprezar seu convite a segui-lo. Nós o seguimos de longe, ou o negamos, como Pedro, quando somos cristãos sem compromisso com Ele, sem renúncias por Ele! Que hoje possamos escutar a afirmação do Senhor: “Vós ficastes comigo em minhas provações!”

Terceira palavra: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”. Jesus veio para servir e dar a vida em resgate da multidão (cf. Mc 10,45). Ele está em nosso meio como servo que dá a vida por nós, que se entrega por amor; ato que ele realizou em sua vida toda, acolhendo, perdoando, curando, restaurando a esperança. Ele se entregou a nós e por nós até à morte e morte de cruz! Reconhecer que Cristo morreu por nós, por nós entregou sua vida é ser-lhe grato de todo o coração, como Paulo, que exclamava: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Sejamos-lhe gratos: vivamos também nós por Ele!

Na Quinta-feira Santa celebramos a Instituição da Eucaristia e o Sacerdócio Católico; na Sexta-feira Santa, a Morte do Senhor; no Sábado, a Vigília Pascal, a celebração mais importante do Ano Litúrgico – a Páscoa – com os ritos da Luz, da Água, da Palavra e da Eucaristia.

A Diocese de Cáceres dá graças a Deus pelos 100 anos de Igreja vividos na fé em Cristo Morto e Ressuscitado. A todos os que nos comunicaram esta fé, a nossa gratidão eterna.

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