JESUS DE NAZARÉ
quarta-feira, 20 de abril de 2011
UMA HISTÓRIA DE PÁSCOA
Não havia a mobilização mágica da época natalícia e até havia muito boa gente que nem sabia o significado daquela festividade. Com a chegada da Semana Santa, os supermercados enchiam-se de pessoas a comprar amêndoas, coelhinhos de chocolate e muitas outras doçarias tradicionais e os afilhados andavam atrapalhados a comprar um ramo e a visitar os padrinhos para receberem o folar.
Junto às igrejas, havia a movimentação habitual nesta ocasião, com mais celebrações e procissões tristes. No dia de Páscoa, havia muito barulho de foguetes, sinos e campainhas a repicar no Compasso. Era uma festa importante para os cristãos.
Era Sexta-feira Santa. Já não se fazia como antigamente, pois muitas fábricas, lojas comerciais e escritórios já não fechavam por ser feriado nacional religioso e preferiam trabalhar para descansar na Segunda-feira seguinte ou até fazer férias. Naquele dia, os cristãos celebravam a paixão e morte de Jesus Cristo. Via-se grupelhos de pessoas que se dirigiam apressada e melancolicamente para a igreja.
Alguns perguntavam-se resignadamente porque tão pouca gente ia à igreja, outras cochichavam sobre a última fofoquice do bairro, outros, aparentemente mais entendidos, comentavam que Deus tinha desígnios misteriosos pois veio à terra para salvar a humanidade e assassinaram-n’O ou pelo menos deixou-se matar por amor.
As pessoas olhavam para o relógio e era como se nada acontecesse à sua volta pois a hora urgia e devoção é para cumprir, como manda a tradição. Algo de estranho, contudo, se passava numa casinha das cercanias da igreja da paróquia. As pessoas até ouviam uns gritos, talvez de gente a ralhar e viam umas luzes fortes, talvez da lareira acesa naquela noite fria, mas não ligavam e era melhor não se meterem em problemas.
Mas, a verdade é que aquela casa começava a incendiar-se. Viviam lá dois velhotes. Tinham ficado naquela noite a tomar conta de uma netinha. A filha do casal tinha sido mãe solteira há pouco tempo e trabalhava naquela noite para ganhar mais uns tostões. A casa como era velha e maioritariamente de madeira tornou-se presa fácil de um pedaço de lenha a arder que saltou da lareira.
Um acólito ainda se dirigia atrasado para a cerimónia e, vendo a casa a arder e ouvindo gente a gritar, ainda se lembrou de, enquanto corria, chamar os bombeiros pelo telemóvel e continuou apressado para a paróquia. Os bombeiros iam demorar pois estavam num grave acidente, acontecido, havia pouco tempo, na auto-estrada.
Entretanto, um rapazola, vendo o que estava a acontecer, aproximou-se. Não era muito bem visto pelas gentes das redondezas, mas, vendo a cena, compadeceu-se e não pensou duas vezes. Arrombou a porta e entrou. Viu que a velhota já estava sem vida, talvez asfixiada pelo fumo intenso e o velhote chorava e tentava a todo o custo alcançar por entre os destroços a netinha.
O rapaz conseguiu pegar na menina e pô-la rapidamente lá fora, longe de perigo e quando voltava para salvar o ancião caiu-lhe em cima uma trave do telhado, que o matou instantaneamente. O avô conseguiu, então, pôr-se a salvo. Os bombeiros quando chegaram, limitaram-se a levar os sobreviventes para o hospital e a resgatar os corpos do rapaz e da velhinha.
Os fiéis, acabada a cerimónia, olhavam silenciosa e tristemente para a tragédia. Nada tinham feito, apesar dos indícios, preocupados que estavam com a reza. Elogiavam a coragem e determinação do rapaz que fora capaz de dar a sua vida para salvar outras vidas. Tal como Cristo morreu para dar vida. Talvez tivesse mais fé e amor do que todos eles. Ressuscitaria com certeza para uma vida nova para sempre. Tinha acontecido Páscoa naquele sítio e naquela hora.
(Paulo Costa)
Quarta-Feira Santa
É o quarto dia da Semana Santa. Encerra-se na Quarta-feira Santa o período quaresmal. Em algumas igrejas celebra-se neste dia a piedosa procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que neste dia celebra o Ofício das Trevas, lembrando que o mundo já está em trevas devido à proximidade da Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É o quarto dia da Semana Santa. Encerra-se na Quarta-feira Santa o período quaresmal. Em algumas igrejas celebra-se neste dia a piedosa procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que neste dia celebra o Ofício das Trevas, lembrando que o mundo já está em trevas devido à proximidade da Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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