JESUS DE NAZARÉ

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011



Um começo divino!
    João começa seu evangelho de uma forma muito diferente da usada pelos outros três evangelistas. Mateus inicia o seu apresentando a genealogia e o nascimento de Jesus. Lucas, por sua vez, mostra de cara o nascimento de João Batista, passando depois ao de Jesus. Marcos parte do batismo de Jesus por João Batista. Os três, portanto, iniciam com a humanidade de Cristo e com a revelação da divina natureza. A ressurreição é um final surpreendente, entretanto pressagiado.
    O evangelho de João, ao contrário, tem início com a natureza divina de Jesus. Ele conta a história da vida e o ministério de Jesus utilizando o benefício de sua compreensão tardia acerca do Cristo, vendo em cada palavra e ação de Jesus a palavra e a ação do próprio Deus. Assim, seu livro começa estabelecendo Jesus como o próprio Deus - ele existiu no princípio da mesma maneira que Deus. De fato, a frase "no princípio" é a mesma usada por Deus, em Gênesis 1. Ele estava com Deus; ele é Deus e é a Luz, a Vida e o Verbo. Sendo assim, seu evangelho conta a história de Jesus desta perspectiva: Deus desceu e viveu entre nós!
   
   Quando João diz que Jesus é o verbo, usa outra analogia extremamente profunda e que o leitor moderno provavelmente não percebe. O verbo (o logos) era uma palavra muito amoldada, usada pelos filósofos gregos. Sócrates e Platão pensavam que o logos tornava possível todo o pensamento e a razão. O estoicismo (uma filosofia muito popular nos dias de Jesus) comparou o logos com a razão cósmica que guiava o universo. João, chamando Jesus de logos, está dizendo que ele é o último ser, o propósito de toda criação e aquele que torna o universo possível.

Não é irônico?
    Como declarado no verso 3, todas as coisas vieram à existência por intermédio de Jesus. Essa Luz - esse último propósito, a meta do Universo - brilhou na escuridão; todavia, a escuridão não a compreendeu. Literalmente, a escuridão não a pôde pegar. Mais adiante, nos versos 9 a 11, a Luz Verdadeira mostra-se no mundo, no mesmo mundo feito por ele; contudo, ninguém a conheceu.
A grande ironia, a tragédia suprema, é disposta no verso 10: o mundo inteiro foi feito por ele e ele estava no mundo; todavia, ainda não o conheciam! Ele veio para os seus - um povo que ele mesmo havia escolhido, cuidadosamente ensinado e moldado durante séculos - e as pessoas não o receberam. A humanidade, tendo-se virado à escuridão, mostrava-se cega à Luz. O mundo tinha aceitado uma mentira, e estava impossibilitado de compreender a Verdade.
    De certa forma, isso faz sentido. A escuridão é abolida pela luz, assim como para as trevas o ato de alcançar a luz seria algo autodestrutivo. As pessoas sentem necessidade de Deus, porque foram criadas para se relacionarem com ele. Somos iguais a um astronauta que, tendo cortado a própria linha de segurança, silenciosamente, distancia-se da nave, vagando cada vez para mais longe dela, numa sentença de morte.
Cristo vestiu um terno espacial e lançou-se fora, atrás de nós, no espaço aberto; porém, com a linha de segurança intacta. Ao se unir a nós em nossa situação, ele tornou-se algo que podemos conhecer, receber/captar. Tendo nos unido a Jesus, somos reconectados a Deus e, assim, somos salvos. João 1.12 diz: "Aos que o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus" (NVI). No grego, literalmente, para esses que o "pegaram". O apóstolo ainda deixou bem claro: "Aos que creram em seu nome". Como eles puderam o receber? Porque o verbo - que era inatingível, a suprema causa e a última razão, o próprio Deus - tornou-se carne e habitou entre nós. É suficiente "crermos no seu nome" ou acreditarmos e confiarmos que ele era e é o que reivindica ser.

Nós vimos sua glória.
    O verso 14 realmente captura um milagre: "E o verbo fez-se carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos sua glória, glória como do unigênito do Pai". O verbo, o logos da filosofia, é o Jesus da história. Ele tornou-se carne e sangue assim como você e eu. Todavia, isso não foi um esvaziamento total da sua natureza, porque eles viram sua glória, seu notável aparecimento e souberam que era o Filho de Deus. O Senhor entrou na história humana como um humano para devolver a humanidade no relacionamento com a divindade.
Pensamos, freqüentemente, no nascimento de Cristo como o clímax de um evento miraculoso. Porém, o milagre maior é ele estar vivo ainda hoje! Afinal de contas, Jesus ainda habita entre nós através do Espírito Santo e de seu corpo, a igreja.

O grande exegeta
    João continua a explicar um pouco mais do que esse milagre realmente significa para nós. Diz que, devido à plenitude de Cristo, porque ele é completa e totalmente divino, temos recebido graça sobre graça. A Lei (que nos permitia ter algum conhecimento sobre Deus) foi dada por intermédio de Moisés, um ser humano; mas a graça e a verdade somente poderiam vir por Jesus - ele, sendo completamente divino, deixou-nos conhecer a Deus.
     Ninguém viu Deus em qualquer tempo. Esta palavra, "viu", significa entender ou experimentar. Ninguém entendeu Deus; mas Jesus explicou e fez  Deus ser conhecido. Isso recorda nosso estudo de três semanas atrás, em Colossenses, no qual Paulo chama Cristo de "a imagem do Deus invisível". O Senhor teve que adentrar em nosso mundo, pois nunca poderíamos adentrar no dele.
      No seminário, ao estudarmos e pesquisarmos para entender melhor esta passagem, investigando os termos gregos e explorando o contexto histórico, dizemos que estamos fazendo uma "exegese2" do trecho. Tal palavra é a mesma que João usa aqui para descrever como Jesus explica Deus. Ninguém o viu, mas Jesus fez uma exegese de Deus para nós. Somente Cristo pode fazer uma exegese perfeita e completa de Deus! Ele não tem que estudar Deus, porque ele é o próprio! Definitivamente, tem as ilustrações de sermão muito mais frescas; e todos falam sobre elas durante 2000 anos!

A pequena criança de Belém  
    O nascimento de Cristo é mais que um nascimento virginal miraculoso; é mais que uma estrela divina, coros e visitações angelicais. Trata-se de uma alteração fundamental da relação entre a Criação e o Criador. É o Emanuel, o Deus conosco, que nos torna possível conhecer Deus. 
MÊS DE DEZEMBRO

COM LICENÇA, SOU O JC!

Olá a todos!
O meu nome é Cristo. Jesus Cristo. JC para os amigos!
Nasci no dia 25 de dezembro. Por isso, a celebração do meu aniversário está próxima. Há dois mil e onze anos, na cidade de Belém, a minha mãe deu-me à luz. Foi um acontecimento tão especial para a humanidade que toda a história ficou dividida em duas partes: antes de mim e depois de mim.

Durante muitos séculos, muita gente esperou e pediu a Deus que eu viesse. O projecto inicial do Altíssimo foi manchado e o que era uma bela história de amor entre o céu e a terra e entre a divindade e a humanidade corrompeu-se. Os homens e as mulheres quiseram viver sem o seu Criador e Senhor. Mas Deus respeitou-os. É que Ele não vos fez como se fosseis robôs ou computadores programados para fazerdes apenas o que Ele quisesse. Deu-vos o dom da liberdade por amor. Quem ama não pode obrigar. A vossa história podia ter sido de outra maneira, mas foi esta a que aconteceu.
Deus não desistiu de vós, apesar do pecado e foi enviando profetas que falaram em seu nome e fez de vós o seu povo querido e fez convosco uma aliança.

A determinada altura, Deus decidiu adoptar outra estratégia e Ele próprio quis vir ter convosco. Chegada a plenitude dos tempos, foi, então, que eu apareci em cena, de uma forma única e radical. Podia ter aparecido de uma forma espectacular. Talvez num avião, num helicóptero, numa nave espacial ou até tipo super-homem. Mas não. Eu, a segunda pessoa da Santíssima Trindade surgi no vosso planeta da forma mais bela e singela: sob a forma de um bebé. Uma criança frágil e indefesa.

Encarnei no seio de uma jovem mulher, chamada Maria. Já deveis ter ouvido falar dela, muitas vezes. Ela foi escolhida e convidada pelo meu Pai para ser a minha mãe humana. Através dela, chegaria o Messias prometido. Ela não compreendeu muito bem como seria aquilo possível, mas, na sua humildade, acreditou naquele desígnio divino e aceitou tão especial projecto de vida.

A minha mãe estava noiva de um carpinteiro chamado José. Ele também teve dificuldade em compreender tudo aquilo que estava a acontecer. A minha mãe estava grávida e ele não era o pai. Aos poucos, foi entendendo o tamanho milagre que ocorria ali. Percebeu a origem sobrenatural da gravidez da minha mãe, pois a minha encarnação era obra do Espírito Santo. Ele tornou-se o meu querido pai adoptivo.

Quando os meus papás humanos já tinham casado e viviam na sua simples casinha de Nazaré, saiu um édito de César Augusto, obrigando todas as pessoas sob domínio do império romano a recensear-se. O meu pai tinha que deslocar-se a Belém e como a minha mãe estava grávida, para não ficar sozinha, acompanhou-o. Mas o seu estado não era muito favorável a viagens e aqueles dias foram muito complicados.

Ao chegarem a Belém, a minha mãe já estava com dores de parto. O meu pai procurou uma hospedaria para ficarem por uns dias e para a minha mãe gerar-me. Mas não havia lugar algum porque a cidade e as redondezas estavam cheias de gente naquela ocasião.
Não dava para esperar mais. Tinha que ser num sítio qualquer. Um pobre homem, vendo o desespero do meu pai e a aflição da minha mãe, disponibilizou tudo quanto tinha: uma grutinha, onde guardava os seus animais.

E foi ali, não num palácio ou numa maternidade, mas num humilde curral, que eu nasci para a minha vida terrena. Naquela noite fria eu nasci e fui colocado entre panos numa manjedoura com palhinhas. Não havia médicos, riqueza ou comodidade. Apenas o muito carinho e alegria dos meus pais e o calor de uma vaca e de um burro. Alguns anjos cantavam e davam glória a Deus. Havia uma magia especial em tudo quanto estava a acontecer.

Pouco tempo depois, os meus pais foram surpreendidos com a visita de vários pastores que tinham recebido a notícia do meu nascimento e muito felizes se prostraram e ofereceram coisas dos seus trabalhos de pastorícia. Posteriormente, chegaram, também, guiados por uma estrela e fugindo de Herodes, três magos do Oriente. Também se curvaram em solene veneração e ofereceram ouro, incenso e mirra. Todos me adoravam, desde as pessoas mais simples do povo até às mais sábias e poderosas.
Tudo aquilo era misterioso e intrigante. A minha mãe escutava tudo quanto se dizia de mim e guardava todas aquelas coisas no seu coração.

Este foi o início dos meus 33 anos de vida no vosso planeta. Vim como caminho, verdade e vida, fazer-vos um convite de salvação e realização em que tudo se resume no mandamento do Amor. Deus é amor e o amor é a chave da autêntica felicidade.
A poucos dias da minha festa de anos, queria dizer-vos que gostava de voltar a nascer na vossa vida e no vosso coração. Nasci criança para que não tenhais medo de mim. Que mal poderia fazer um Deus Menino? Não tenho força para abrir a porta da vossa casa. Volto a bater e se quiserdes, abri-a.

Gostava de festejar o meu aniversário convosco. Ao fim e ao cabo, a razão de ser do Natal sou eu. E há tanta gente que celebra a minha festa sem mim, que sou o aniversariante… Quero desejar-vos também eu, um feliz Natal! Afinal de contas, sabeis bem quem eu sou. Com licença, sou o JC!