JESUS DE NAZARÉ

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Morreu a única filha de Stalin, no anonimato e na pobreza
Svetlana Stalina, a eterna prisioneira do nome do seu pai, que renunciou aos seus valores e entregou-se ao capitalismo, morreu aos 85 anos, vítima de cancro do cólon, no condado de Richland, no estado norte-americano do Wisconsin.
Josef Stalin com Svetlana Stalin nos braços, numa fotografia com data localização desconhecidas Fotografia: AFP
A informação foi avançada na segunda-feira por Benjamin Southwick, cônsul do condado de Richland, que comunicou que Lana Peters, como era conhecida, morreu no dia 22 de novembro.
A sua morte, tal como os seus últimos anos de vida, aconteceram longe dos olhares públicos. Svetlana Stalina mudara de nome e de vida. Várias vezes.
A princesa do Kremlin fugiu para a Índia, Inglaterra, França, abraçou os valores capitalistas, refugiou-se nos Estados Unidos, voltou à Rússia e fixou-se, de novo, nos Estados Unidos.
Nasceu Svetlana Stalina, com a morte do pai passou a ser Svetlana Alliluyeva. Nos Estados Unidos adotou o pseudónimo Lana Peters, renunciou aos valores do pai, renegou as suas raízes, a sua família e morreu longe das câmaras, que a seguiram desde o seu nascimento, em 1926 em Moscovo.
Admitiu ser impossível viver sem "Deus no coração" e pôs em causa as ideologias políticas. Para ela não existiam comunistas ou capitalistas, apenas pessoas boas e más.
Morreu na terça-feira passada, na pobreza e no anonimato, no condado de Richland, no meio do vazio das explorações rurais, vítima de cancro do cólon, informa o New York Times.
Depois da morte do seu pai, em 1953, que governou a Rússia durante 29 anos, foi despojada dos seus direitos, pelo sucessor Nikita Kruschev. Perdera a sua fortuna e disse, várias vezes, sentir-se escrava do seu passado. Fora, durante anos, acompanhante do pai em festas e receções. 
Escreveu duas autobiografias, nas quais renegou as suas origens. Teve mais três irmãos rapazes e fora a menina do pai, que a cobriu de atenção. Chegou a oferecer-lhe filmes americanos.
Viveu os primeiros anos da sua vida alheada das circunstâncias em que tinha nascido, entre as almofadas do Kremlin, afastada da repressão do pai e do holocausto na Ucrânia. 
Segundo escreveu em 1992 o Washington Times, foi alvo de uma tentativa de homícidio pelo KGB, nos anos 60.
Em 1970, três anos depois de ter chegado a Nova Iorque, conheceu William Wesley Peters, discípulo do arquiteto Frank Lloyd Wright. Casaram-se e mudaram-se para uma casa desenhada pelo arquiteto de Scottsdale, no Arizona.
Tiveram uma filha e divorciaram-se, como era habitual nos casamentos de Svetlana. Foi o terceiro divórcio da única filha de Stalin, que já havia contraído matrimónio duas vezes na Rússia.
Nacionalizou-se norte-americana em 1978, queimou em público o passaporte russo e mudou de nome.
Mudou-se, entretanto, para Inglaterra e depois regressou à Rússia, onde recuperou o seu passaporte, mas não encontrou o reconhecimento que esperava.
Voltou a refugiar-se nos Estados Unidos, desta vez na Georgia, em 1986.
Já em Wisconsin, disse-se incompreendida. Afastou-se dos meios de comunicação, passou a viver na pobreza, com a ajuda de uma filha, cientista a trabalhar na Sibéria.
Passou os últimos anos da sua vida numa enfermaria de Richland. Deu a última entrevista o ano passado ao Wisconsin State Journal. Disse dedicar-se à costura e à leitura, em detrimento da televisão.
Quando ao pai, limitou-se a referir: "Ele quebrou a minha vida." "Onde quer que eu vá", disse, "aqui, na Suíça, Índia, em qualquer lado. Austrália. Em qualquer ilha. Eu serei sempre uma prisioneira política do nome do meu pai."

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